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Shazam - além da experiência audiovisual

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Introdução

Introdução

Shazam

O que é

Muitos já tiveram a experiência de gostar de uma música e não ter a possibilidade de ouvir novamente por não saber o nome do título ou do artista. O Shazam é a aplicação que diz que música está a ouvir. O seu aparecimento provocou uma revolução na tecnologia de reconhecimento de conteúdo e uma forte mudança no mercado fonográfico. Depois de anos de sucesso, o Shazam desenvolveu-se como um serviço que expande a experiência de conteúdo audiovisual em diversas formas como canções, filmes, propagandas e programas de televisão. Tudo começa com uma pequena amostra tomada com o microfone do telemóvel.

O que é

A origem

O Shazam nasceu de um desejo de amigos que queriam montar o próprio negócio. Chris Barton teve a ideia enquanto estava de férias em Londres juntamente com um grande amigo seu, Dhiraj Mukherjee. Depois de voltar para universidade de Haas em Berkeley, Califórnia, compartilhou a ideia com o seu colega Philip Inghelbrecht, decidido a montar o negócio com os dois. Na procura de mais um cofundador especialista em tecnologia, os três encontraram Avery Wang no topo da lista de mais preparados na área de processamento de sinal digital. A equipe estava pronta para solucionar a questão da identificação de conteúdo.

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Na altura da concepção da aplicação muitas empresas já tinham soluções parciais para o problema. A principal diferença é que a tecnologia desenvolvida até então estava sempre relacionada com monitorizar a programação de estações de rádio e não propriamente identificação de conteúdo, por isso a identificação limitava-se a conteúdo de rádio. Os fundadores do Shazam
(na figura abaixo)  introduziram na viragem do milénio uma tecnologia fundamentalmente diferente, ao permitir a real identificação de conteúdo num contexto muito mais amplo, como em cafés.

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A aplicação desenvolveu-se ao longo do tempo até chegar à versão que os fundadores imaginavam desde o início. Na sua primeira versão, no ano de 2002, a aplicação funcionou através uma chamada de telefone. O utilizador carregava “2580” no telemóvel e o áudio captado pelo microfone era transmitido para o Shazam. Depois disso, recebia-se uma mensagem de texto com a resposta de qual era o nome da canção e quem era o artista. Seis anos depois, o Shazam finalmente tomou o formato de aplicação e foi disponibilizado na App Store. Em 2011 foi adicionada a extensão para reconhecimento de programas de televisão. A partir de 2017 a aplicação ganhou funcionalidades de realidade aumentada explorada com propagandas de produtos e em propagandas de televisão.

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Fundadores do Shazam: Philip Inghelbrecht, Avery Wang, Chris Barton, Dhiraj Mukherjee

A origem

Como utilizar

O Shazam diz qual é a música que ouve de forma simples e objetiva.

Está disponível para telemóveis e para computadores Mac.

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Inicialize a aplicação e toque para tirar a tag

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A aplicação reconhece a canção e diz o nome do artista, título da faixa e conteúdo relacionado

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Descubra conteúdo relacionado em outras plataformas e compartilhe

A experiência com a aplicação começa depois de descarregá-la e tocar para iniciar. Enquanto a música toca, a aplicação grava um a dez segundos de áudio, gerando arquivo para ser enviado directamente para o Shazam. A aplicação envia como resposta para o utilizador os metadados de conteúdo tais como título da faixa, nome do artista, álbum, letra da canção, vídeos e sugestões de outras canções relacionadas com a canção identificada. Um exemplo de resultado pode ser conferido nas figuras acima. A partir desse momento o utilizador tem a possibilidade de compartilhar o link da canção, descarregar a canção como toque de telemóvel e até mesmo comprar o álbum em que a canção foi gravada, ingressos para concertos e ter acesso a mais informações associadas à canção específica.

Descrição funcional

Tecnologia

A aplicação funciona fundamentalmente como um serviço de busca-por-amostra (em inglês QBE, ou “query-by-example”). Dessa forma o conteúdo que o utilizador recebe quando a identificação é bem sucedida é exclusivo da canção específica que ele ouve no exacto momento da recolha da amostra. A busca feita pelo serviço é baseada nessa amostra obtida remotamente, transmitida e somente então processada no banco de dados e comparada com registos de fingerprints armazenados na base de dados. Assim que o ficheiro correspondente é identificado (actualmente, em aproximadamente um segundo), os metadados são enviados como resposta ao utente. Cada etapa do processo tem características específicas, que serão abordadas mais adiante. Uma visão geral da arquitectura encontra-se na figura a seguir.

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Tecnologia
Arquitetura

Modelo de negócio

Primeiro modelo

Ao ser lançada, a aplicação funcionou com uma ligação que disponibilizava duas opções de uso: busca individual e acesso ilimitado. No sistema de busca individual o utilizador pagava um valor de  0,60 euros por cada ligação feita ao Shazam. No sistema de acesso ilimitado o utente pagava um valor mensal de 4.50 euros, podendo usufruir do serviço sem limitações durante um mês, além de receber um serviço online que mantinha os registos de cada faixa identificada.

Depois dos smartphones

Apesar do modelo de assinatura ser implementado num primeiro cenário, desde a concepção da aplicação, os seus fundadores projectavam o seu potencial de funcionalidades a partir do reconhecimento de conteúdo. Assim, os primeiros investidores foram, desde as primeiras apresentações, expostos a um serviço com que as pessoas pudessem efectivamente comprar música. Actualmente, depois do estabelecimento dos smartphones no mercado, a maior parte da renda do Shazam vem de investidores, publicidade, além de compras derivadas de encaminhamentos (referências) para plataformas de distribuição digital de música como o Spotify.

Taxa sobre compras referenciadas

Ao identificar uma música a aplicação disponibiliza a opção de comprar a faixa através dos principais fornecedores de conteúdo fonográfico. Para cada compra feita junto dessas plataformas por encaminhamento do Shazam, a empresa recebe uma percentagem da transacção. A renda total desse tipo de abordagem é em torno de 300 milhões de euros ao ano.

 

Publicidade

Conteúdo promocional foi uma grande fonte de renda para a aplicação. Considerando que a maior parte dos utilizadores usava a versão mobile do serviço, a empresa gerava uma quantidade expressiva de capital através de campanhas promocionais. A plataforma já participou em perto de 450 campanhas publicitárias, variando o valor recebido por cada uma entre os 75 e os 200 mil euros. Esse tipo de fonte de rendimento, contudo, não faz mais parte da estratégia do serviço desde fins de Setembro de 2018, logo após a aquisição da companhia pela Apple. A partir do mês seguinte a aplicação cessou a exibição de anúncios.

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Investidores

Em busca de fontes alternativas de capital para expandir os negócios, o Shazam arrecadou investimentos de diferentes empresas da ordem de 20 milhões de euros.

Compras referenciadas

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Propagandas

Investimentos

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Modelo de negócio atual

Começando como um serviço de chamadas, o Shazam expandiu-se no mercado e alcançou um nome de respeito na área de identificação de conteúdo. A sua maior fonte de renda actualmente - principalmente depois de sua aquisição pela Apple Inc. - é a taxa de compras redireccionadas. A empresa frequentemente citava as suas intenções de expandir o negócio para publicidade de televisão, considerado o próximo passo da aplicação. Com a aquisição, contudo, ainda não se pode dizer ao certo quais são as perspectivas de movimentos da empresa na sua estrutura de negócio.

Modelo de negócio

Competição

Assim como os fundadores do Shazam, outros empreendedores também viram oportunidade no mercado de reconhecimento de conteúdo. Encontrando-se o Soundhound, Google Sound Search e MusixMatch dentro dos mais famosos concorrentes contra a aplicação pioneira no mercado.

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A aplicação Soundhound tem um total de apenas 300 milhões de downloads ao redor do globo. Por outro lado, desenvolveu uma tecnologia capaz de identificar canções cantadas ou até sussurradas(humming), diferentemente do Shazam, que está dependente de as canções terem sido gravadas previamente. Além disso com o lançamento de inteligência artificial embutida nos automóveis Hyundai, Soundhound tem uma versão já integrada num sistema veicular.

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A aplicação Musixmatch foca-se em utilizadores de serviços de streaming de música como a Apple music ou o Spotify, oferecendo-lhes a consulta das letras das músicas que ouviram por stream, a capacidade de as traduzir para outros idiomas e compartilhar com outros utilizadores, e até usar as letras para procurar outras músicas com letras semelhantes. Por ser mais direcionada para utilizadores interessados nas letras, acaba por ter um público alvo menor que o Shazam.   

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Google Sound Search funciona de forma semelhante ao Shazam, mas acaba por ser uma versão mais limitada tanto em eficiência quanto na variedade de funcionalidades que apresenta, apostando sobretudo em ter um design e uma interface mais minimalista, de forma a atingir um público que dá preferência à simplicidade sobre a performance.

Competição

Questões legais

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Durante o caminho para estabelecer o seu nome no mercado, o Shazam passou por certos casos judiciais. Em Maio de 2009, o Shazam foi processado por infringir uma patente de tecnologia de uma empresa sediada no Texas, a Tone Hunter de Remi Swierczek. Em Novembro do mesmo ano, o Shazam também foi acusado de infringir patentes de outra empresa, a Digimarc, sediada em Oregon nos Estados Unidos. Em ambos casos, apesar de descrever de certo modo o funcionamento da aplicação Shazam, as patentes tratavam de outro tipo de inovação e em Janeiro do ano seguinte o caso com a Tone Hunter foi arquivado e a Digimarc dispensou a sua acusação contra o Shazam . 

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Entre 2016 e 2018, a aquisição do Shazam pela Apple foi alvo de escrutínio por parte das entidades reguladoras “anti truste” da comissão europeia por suspeitas de que os dados obtidos com a aplicação pudessem ser usados para desviar os clientes de fornecedores de streaming de música rivais para o serviço da Apple. Uma das maiores preocupações era que a aplicação deixasse de indicar directamente aos utilizadores o serviço dos outros fornecedores de Streaming, passando a direccioná-los para o serviço Apple Music, deixando assim os competidores da Apple em clara desvantagem comercial face a esta. No entanto, em Setembro de 2018 a comissão autorizou a aquisição, afirmando não acreditar que a mudança do Shazam para a Apple pudesse levar a problemas de concorrência desleal no sector. Em 6 de Setembro de 2018 a regulação europeia de "anti truste" autorizou a compra da Shazam pela Apple. Apesar desses episódios, o Shazam estabeleceu-se como uma aplicação confiável e de grande valor no mercado.

Questões legais

Questão social

O negócio milionário tem fortes raízes na interacção das pessoas. O Shazam mudou a forma como as pessoas descobrem  música. Além de compartilhar a música que está a ouvir com os amigos por Facebook, Twitter ou WhatsApp, o utilizador tem à disposição funcionalidades exclusivas para o seu perfil. O Shazam introduziu classificações de músicas mais tocadas ao redor do mundo e músicas mais tocadas em cada região. Também existe a possibilidade de saber o que um certo artista está a ouvir. Com essas funcionalidades, o Shazam tornou-se um indicador de que estilo de música é mais ouvido e de que música faz mais sucesso, como um efeito colateral de sua funcionalidade principal.

   

Executivos da indústria fonográfica identificaram essa funcionalidade secundária da aplicação e a utilizam para prever quando certa faixa tem potencial de fazer sucesso. Há quem defenda que a indústria de música utiliza esses índices fornecidos pela aplicação para moldar as próximas canções de sucesso, como o jornalista Derek Thompson no video abaixo. Ele afirma que a produção musical moderna guia-se pela “fórmula” das músicas que já são bem sucedidas. Por isso as canções pop soam muito parecidas e não há mais espaço para criatividade. Sendo a indústria realmente guiada pelos resultados do Shazam ou não, o que pode concluir-se é que a aplicação é uma ferramenta poderosa e quem tem o domínio dela tem informações valiosas.

Questão social
Augmented Reality Glasses

Visão de futuro

O Shazam tornou-se propriedade da Apple Inc. em Setembro de 2018. Antes da aquisição em 2013, a empresa de reconhecimento musical dava passos em direcção ao conceito de segunda-tela, também conhecido como second-screen TV space. O foco dessa aplicação de tecnologia é o aumento da interactividade na televisão. Além disso, em março de 2017 foi lançado a função de realidade aumentada, com que as marcas têm a possibilidade de expor conteúdo de animação em 3D, visualizações do produto ou até vídeos 360º dentro da aplicação, como apresentado no vídeo abaixo. Depois da aquisição da Apple, porém, as expectativas dos próximos passos da empresa mudaram muito, já que não há certezas sobre o que uma empresa de tecnologia tão grande planeia com uma ferramenta tão influente como o Shazam em mãos. Existem várias razões que se podem especular para perceber o interesse da Apple no Shazam. Sendo uma empresa que se movimenta em vários sectores do mercado das tecnologias, uma motivação óbvia passará por aumentar a sua cota no mercado do streaming de música. Apenas quem trabalha no topo de uma empresa da dimensão da Apple poderá saber exactamente quais foram as motivações que levaram à aquisição do Shazam.​

Visão de futuro

Conclusão

A aplicação Shazam sem dúvidas provocou uma revolução na maneira com que as pessoas consomem conteúdo fonográfico. A popularidade da aplicação cresceu tanto, que se tornou tanto uma aplicação de enriquecimento de conteúdo de forma genérica, como também uma ferramenta de predição de tendências no mercado musical. A implicação de sua implementação tem fortes efeitos no tipo de conteúdo gerado actualmente. Inovações tecnológicas como o Shazam têm consequências não somente técnicas e económicas, como também políticas e sociais que afectam milhares de pessoas ao redor do mundo. Aquando da realização desta pesquisa ainda há muitas incertezas em relação da aquisição do Shazam pela Apple, então as consequências da  referida movimentação serão esclarecidas com o tempo. Esperamos que o nosso trabalho tenha contribuído para proporcionar de uma forma profunda e real um bom conhecimento sobre o Shazam, uma aplicação que vai além do consumo de música

Conclusão

Sobre nós

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João Miguel Guedes natural de Viseu, Portugal, nascido a 19 de Agosto de 1995, frequenta actualmente o quarto ano do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores com ênfase em Telecomunicações no Instituto Superior Técnico.         

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Jonathan Velasco Costa natural de São Paulo, Brasil, nascido a 28 de Agosto de 1996, encontra-se actualmente em intercâmbio académico no quarto ano do curso de Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores com ênfase em Energia no Instituto Superior Técnico.

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